quarta-feira, 16 de julho de 2014

Copa das Copas

Para a alegria ou tristeza de nossos pessimistas, teve Copa sim, teve Copa bem boa, teve Copa demais! Leia isso considerando que quem vos escreve é uma besta futebolística, tanto na técnica quanto na teoria. Os pré-históricos sabem mais do que eu.
 Já no aquecimento para o Mundial, presenciei a busca voraz de muitos para completar o álbum da Copa. Meus colegas se tornaram crianças. Ouvi relatos de gente virando a noite colando figuras, montando planilhas, comparecendo aos grupos de trocas. Crianças, velhos, homens, mulheres, altos, baixos, gordos, magros, palmeirenses, corinthianos - tinha de tudo um pouco. “E você é de onde?”, ouvi um cara perguntando ao outro, em um encontro num shopping. “Guarulhos”, o outro respondeu, já passando o elástico em volta do bolo nas mãos, findando o escambo. “Opa, sou de lá também!” Seguiram os dois. No final, já tinham percebido que moravam perto e que na esquina tal, ali, na ladeira xis, em frente ao mercado dois, haveria mais troca no próximo final de semana. Combinaram de se encontrar e foram embora.
 De repente, não mais que de repente, começaram a brotar em terras paulistas uma infinidade de mexicanos nos barzinhos, alemães na Paulista, argentinos na Anhangabaú, franceses no Museu do Futebol, colombianos e chilenos no Parque do Ibirapuera. De repente, o metrô que eu pego cotidianamente começa a dizer “next station…” e “access to subway line…”. De repente, tenho de ensinar a um grupo de turistas (acredito que eram de algum lugar dos Balcãs, mas como chuto mal, posso estar tremendamente errado) como inserir o bilhete na catraca. De repente, na Luz, o vaivém cinzento de pessoas indo labutar dá lugar a ondas coloridas que mudavam conforme o dia: ora laranja mecânico, ora vermelho “olé”, ora xadrez croata.
  Mas a onda maior, a mais forte, mais intensa, sem dúvida alguma, foi a tupiniquim, verde e amarela, canarinha. Não só porque sustentamos a seleção brasileira quando não jogava bem ou, pior, dava vexame (opa, mais um gol da Alemanha!), mas porque o cenário fora dos estádios foi um espetáculo à parte. Acolhemos tão bem nossos visitantes que eles querem voltar. Nisto fomos, realmente, vencedores. Frustramos a imagem de que quem tentasse vir pra cá nem chegaria porque haveria filas nos aeroportos. E se, com sorte, chegasse, então seria roubado. Ou se não fosse roubado, não aproveitaria bem as cidades-sede porque o trânsito seria caótico. Por aí vai…
  Os odiadores me odiarão porque não citei as partes negativas da Copa. Sei bem delas ($$$, […]), porém não vou demonizar a festa e colocar na conta do futebol, que é, ou deveria ser, um esporte para nos entreter, emocionar, divertir (e o que há de tão mal nisso?). Coisa de quem não sabe dar a Cesar o que é de Cesar. Misturam as coisas como fizeram no incidente do Neymar e da queda do viaduto em BH. Duas notícias tristes, mas houve quem julgasse um esdrúxulo sentir pelos dois fatos.
            Enfim, a Copa do Mundo de 2014 vai fazer bastante falta. Vou sentir saudade desse mix de povos, das torcidas, dos jogos decididos nos minutos finais para desespero dos apostadores de bolões da firma, das bizarrices à la mordidas del Suárez. Dos memes! (Meu Deus, o que será de mim sem os memes?) Copa da Zoeira, já pode voltar!!!

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