Mesmo em pé no ônibus lotado,
tirou do bolso o celular. Desbloqueou a tela. Alguns toques nela e ateu-se por
um momento à leitura. Depois, um sorriso prolongado. E o estímulo era tanto que
por pouco não se converteu num som que, sem dúvida alguma, chamaria a atenção
dos paulistanos carrancudos que compartilhavam o mesmo espaço mínimo. A cena
não os contagiaria. Muito pelo contrário, teria incomodado os demais. Eu tive
que me conter no assento, restrito apenas à observação. Fiquei imaginando quem
seria a pessoa do outro lado da tela. De uma coisa eu tenho plena certeza: é um
ser miserável. Por não ter dito a mensagem cara a cara, tête-à-tête, com a
entonação de voz própria ao invés de letras pretas e insossas numa parede
branca, perdeu o sorriso mais lindo deste planeta. Um tal sorriso que se abriu
como uma janela, bem escancarada pra um dia bom…
Nenhum comentário:
Postar um comentário