terça-feira, 22 de julho de 2014

Cena Avulsa Nº 1

Mesmo em pé no ônibus lotado, tirou do bolso o celular. Desbloqueou a tela. Alguns toques nela e ateu-se por um momento à leitura. Depois, um sorriso prolongado. E o estímulo era tanto que por pouco não se converteu num som que, sem dúvida alguma, chamaria a atenção dos paulistanos carrancudos que compartilhavam o mesmo espaço mínimo. A cena não os contagiaria. Muito pelo contrário, teria incomodado os demais. Eu tive que me conter no assento, restrito apenas à observação. Fiquei imaginando quem seria a pessoa do outro lado da tela. De uma coisa eu tenho plena certeza: é um ser miserável. Por não ter dito a mensagem cara a cara, tête-à-tête, com a entonação de voz própria ao invés de letras pretas e insossas numa parede branca, perdeu o sorriso mais lindo deste planeta. Um tal sorriso que se abriu como uma janela, bem escancarada pra um dia bom…

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